terça-feira, 21 de março de 2017

Geração paz e amor

Mais ou menos na mesma linha do post anterior, onde tentei gerar uma reflexão acerca da tendência de as pessoas ficarem cada vez mais na superfície das coisas, minha intenção com esse novo post é provocar reflexão sobre um outro aspecto da vida corporativa contemporânea e que assim como a abordagem superficial, tem, na minha opinião, causado um certo empobrecimento das relações e discussões no ambiente corporativo: o medo do conflito e do contraditório. 
E quando uso a expressão geração, no título desse post, não estou fazendo referência aos mais jovens não, pois esse é um comportamento que percebo em pessoas de todas as idades.

Não, não estou defendendo a gritaria, o bate boca e as discussões excessivamente acaloradas e agressivas normalmente utilizados como parte do enredo das produções hollywoodianas que buscam retratar (muitas vezes de forma exagerada) os bastidores do mundo dos negócios. Porém, é fato que o apelo excessivo do politicamente correto tem gerado uma certa transformação nas nossas relações, onde o debate de ideias e o enfrentamento civilizado do contraditório vêm perdendo espaço. 

Uma pena, pois sem um ambiente que incentive o conflito saudável de ideias, abre-se espaço para a construção de consensos enlatados, onde passa a predominar o ponto de vista da personalidade do momento, daquele empresário bem sucedido que não sai das capas das revistas, daquele professor/comunicador que cativa pela eloquência do discurso e cujos vídeos batem recorde de likes e compartilhamentos nas redes sociais, e com isso as pessoas vão perdendo a capacidade de fazer seu próprio juízo das coisas e a coragem de contestar e defender seus pontos de vistas de forma firme, consistente mas aberta ao contraditório, buscando no embate não a imposição do seu ponto de vista, mas o crescimento mútuo que trocas dessa natureza acabam proporcionando.

terça-feira, 14 de março de 2017

Síndrome dos 140 caracteres

Ao contrário do que possa parecer, esse post não tem por objetivo criticar o twitter ou o seu uso por essa ou aquela pessoa. Na verdade, estou lançando mão de uma licença poética para, fazendo referência à principal característica do twitter (o limite de 140 caracteres), falar sobre um comportamento que tem se tornado comum no mundo corporativo: a abordagem superficial de ideias, teses e eventos.

Minhas observações acerca do comportamento humano, em especial em ambientes corporativos, têm sugerido que as pessoas de um modo geral parecem ter uma necessidade quase que doentia (daí a ideia de dar o nome de “síndrome’’) de expressar opinião sobre assuntos que não dominam, mesmo quando o contexto exige profundidade. 

Quantos de nós já não nos deparamos com alguma pessoa que, depois de ter lido uma manchete sobre um evento qualquer, adentra pelos corredores e salas como se estivesse apresentando um telejornal, emitindo opiniões e informando detalhes que meia hora depois descobre-se não serem nada além de fruto da imaginação fértil da criatura? Mas até aí tudo bem, pois o prejuízo fica limitado apenas ao tempo perdido com aquela baboseira sem sentido e desnecessária. O problema é quando você está buscando subsídios para tomar uma decisão importante, e vem um cidadão que acabou de ler um ‘’tweet’’ postado por um certo presidente de um certo país americano e bate à sua porta para alertá-lo sobre a eminência da eclosão da terceira guerra mundial, e fornecendo detalhes como se tivesse acabado de sair de uma reunião secreta com o G7.   

À primeira vista pode até parecer hilário e inofensivo, mas na minha opinião é um comportamento bizarro, pois parece ser motivado pelo desejo de exposição constante, logo, tem a ver com ego/necessidade de status. Porém, na prática acaba configurando auto sabotagem, visto que expõe a pessoa a um enorme risco de sua imagem/reputação, pois como já foi dito por Abraham Lincoln: "Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo".

O curioso, para não dizer perigoso, é que esse comportamento parece ser socialmente aceito e raríssimas vezes alguém tem a coragem, para não dizer bondade, de colocar essas pessoas em cheque contestando suas teses ou contrapondo seus argumentos com fatos e dados que estão ao seu alcance. Digo bondade, pois sou de um tempo em que maus hábitos se corrigiam com puxão de orelha, e não com indiferença. Afinal, que tipo de profissionais estaremos ajudando a formar se incentivarmos as pessoas a nossa volta a ficarem apenas na superfície?

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Habilidades não óbvias que podem ajudar o líder financeiro em tempos de crise

Nesses tempos de crise, somos praticamente bombardeados diariamente por artigos discorrendo sobre os desafios e o papel do líder de finanças diante desse contexto. Aliás, dentre os diversos documentos que recebi e li nos últimos meses, um dos melhores e mais bem elaborados, na minha opinião, foi a compilação de artigos feita pela Deloitte (disponível no link abaixo). 

Ao contrário do que possa parecer pela leitura do parágrafo acima, não estou escrevendo esse post apenas para sugerir a leitura desse ou daquele artigo (apesar de este ser um dos objetivos desse blog). Meu objetivo, um tanto quanto pretensioso, devo admitir, vai um pouco além, pois pretendo discorrer, de forma breve, sobre algumas habilidades não óbvias no universo financeiro, que quando combinadas com as habilidades cartesianas inerentes ao mundo das finanças, permitem ao líder financeiro ter uma visão holística que, em tempos de crise, aumentam em muito as suas chances de sucesso. 
Não estou aqui menosprezando as habilidades cartesianas, pois às considero igualmente importantes. O ponto é que sobre elas, as competências e habilidades cartesianas, existe um número infindável de publicações, de forma que seria pouco produtivo abordá-las aqui, já que o propósito desse blog é exercitar o "pensar fora da caixa".
Se a essa altura, você, meu caro leitor, espera encontrar nas próximas linhas conceitos heterodoxos ou pouco conhecidos, lamento decepcioná-lo, pois vou discorrer sobre habilidades extremamente simples (pelo menos no conceito) como empatia, serenidade e discernimento.

Sim, empatia é uma das habilidades essenciais de qualquer líder, e o líder financeiro não é exceção a essa regra. Empatia é a capacidade de enxergar as coisas pela ótica do outro, ou, em bom português, sentir a dor do outro. Algo que, na minha opinião, é fundamental para que o líder financeiro possa calibrar adequadamente suas estratégias, principalmente em tempos de crise. 
Para elaborar estratégias vencedoras, o executivo financeiro precisa testá-las sob a ótica dos stakeholders que por elas serão afetados. Sem isso, o sucesso dessas estratégias estará à mercê do acaso.

Sei que parece óbvio falar que um executivo financeiro precisa ter serenidade. Contudo, se fossemos listar aqui os casos de insucesso capitaneados por executivos financeiros devido à falta de serenidade, acabaríamos por escrever um livro e não um post. E me refiro a coisas práticas, como por exemplo, exagerar nos cortes orçamentários ou na venda de ativos (em tempos de crise) ao ponto de inviabilizar a operação a médio e longo prazos. 
Ter serenidade para analisar profunda e rapidamente as oportunidades e as ameaças em tempos de crise, é fator decisivo para o sucesso das estratégias que forem pensadas e implementadas pelo líder financeiro.

Outra habilidade de extrema importância, não só em tempos de crise, é o bom discernimento. Habilidade que aliás, já foi objeto de um outro post meu aqui no blog (http://gestaocontemporaneabyjorgefelisberto.blogspot.com.br/2015/01/em-deus-nos-acreditamos-todos-os-outros.html). 
Fazer o correto julgamento dos fatos e dados é crucial para ser assertivo nas decisões, seja na crise ou na bonança. Por exemplo, não conseguir avaliar corretamente (discernir) o tempo de duração de uma crise, pode levar à elaboração de estratégias pouco eficazes. 

Enfim, como sugeri num dos parágrafos acima, nenhuma dessas habilidades (e tantas outras que não citei aqui) irá, isoladamente, fazer grande diferença no resultado das nossas ações a frente da área financeira ou de qualquer outra área. 
Contudo, penso que quando combinadas com habilidades mais elementares e cartesianas, como por exemplo a visão estratégica, elas farão grande diferença e aumentarão em muito as chances de êxito do líder financeiro, principalmente nesses tempos de crise.  

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Não basta só acreditar que é possível

Em tempos turbulentos como os que estamos experimentando atualmente, não passa um dia sequer sem que alguém do nosso relacionamento poste nas redes sociais alguma mensagem motivacional do tipo “só vence quem realmente acredita que pode vencer” ou então, “ele não sabia que era impossível, foi lá e fez”.

Não quero aqui desqualificar esses e tantos outros mantras da vida moderna, pois também acredito no efeito placebo que eles exercem sobre nós. No entanto, me preocupa que algumas pessoas acabam se posicionando de forma passiva, quase que religiosa, frente às adversidades da vida, apostando todas as suas fichas apenas na crença, esperando que um simples ato de fé mova montanhas.

É verdade que para vencer é preciso antes de mais nada acreditar que a vitória é possível. Porém, é preciso fazer dessa crença um plano de ação consistente e executá-lo! Apenas crer, por mais importante que seja, não vai por si só nos levar a vitória. Acreditar é apenas o impulso inicial. O sucesso e a vitória vêm de fato daquilo que fazemos após esse impulso. 
Nosso saudoso ídolo (digo “nosso” por considera-lo uma unanimidade) Ayrton Senna, acreditava muito na sua capacidade de vencer. Acreditava tanto, que certa vez, chegou a dizer que tinha "necessidade" de vencer. Porém, o sucesso indiscutível do nosso grande ídolo foi forjado a ferro e fogo. A sua fé, foi apenas o motor de arranque que o impulsionou. A partir daí sua determinação e obstinação é que foram o verdadeiro combustível que alimentou sua trajetória vitoriosa (desculpem o jogo de palavras associadas ao automobilismo, mas julguei apropriado dada a referência feita ao ídolo maior desse esporte). 
Também não usei a palavra determinação à toa. Determinação, que vem do latim Determinare, que significa "definir um limite, um fim para algo", é, na minha opinião, o predicado que de fato torna as pessoas capazes de realizar grandes feitos. 
Pessoas determinadas são capazes de estabelecer limites que vão além do que é convencional, do que é óbvio. E, nesse exercício de enxergar além do óbvio, essas pessoas enxergam claramente os desafios que terão que enfrentar para atingir seus objetivos e se preparam para o embate, enxergam também as renuncias que terão de fazer e aceitam pagar o preço sem culpa e tão pouco auto piedade. E é isso que as torna capazes de realizar coisas que vão além daquilo que muitos julgam ser possível.
Cabe aqui, fazer referência a um artigo do professor Abilio Diniz, que de certa forma me inspirou a escrever sobre esse tema que tem rondado meus pensamentos. Eis o link para o artigo do mestre: 

A essa altura, alguns de vocês já devem estar pensando: então é fácil, baste acreditar no "próprio taco" e ser determinado que a vitória está garantida. Só que não (risos). Por mais fé que tenhamos, por mais certos que estejamos dos nossos propósitos e por mais determinados que sejamos, "Deus e o diabo jogam dados", e como em todo jogo de dados, o acaso por muitas vezes define o sucesso ou o fracasso. Mas até mesmo quando os resultados são definidos pelo acaso, a determinação faz a diferença. Pois as pessoas realmente determinadas não se deixam abater pelas derrotas. Elas seguem tentando a vitória. Movidas pela certeza de que ao final, se não atingirem o seu propósito, ao menos terão combatido um bom combate.