Nesses tempos de crise, somos praticamente bombardeados diariamente por artigos discorrendo sobre os desafios e o papel do líder de finanças diante desse contexto. Aliás, dentre os diversos
documentos que recebi e li nos últimos meses, um dos melhores e mais bem
elaborados, na minha opinião, foi a compilação de artigos feita pela Deloitte (disponível no link abaixo).
Ao contrário
do que possa parecer pela leitura do parágrafo acima, não estou escrevendo esse
post apenas para sugerir a leitura desse ou daquele artigo (apesar de este ser
um dos objetivos desse blog). Meu objetivo, um tanto quanto pretensioso, devo
admitir, vai um pouco além, pois pretendo discorrer, de forma breve, sobre
algumas habilidades não óbvias no universo financeiro, que quando combinadas com as habilidades
cartesianas inerentes ao mundo das finanças, permitem ao líder financeiro ter uma visão holística que, em
tempos de crise, aumentam em muito as suas chances de sucesso.
Não estou aqui
menosprezando as habilidades cartesianas, pois às considero
igualmente importantes. O ponto é que sobre elas, as competências e habilidades
cartesianas, existe um número infindável de publicações, de forma que seria
pouco produtivo abordá-las aqui, já que o propósito desse blog é exercitar o
"pensar fora da caixa".
Se a essa
altura, você, meu caro leitor, espera encontrar nas próximas linhas conceitos
heterodoxos ou pouco conhecidos, lamento decepcioná-lo, pois vou discorrer
sobre habilidades extremamente simples (pelo menos no conceito) como empatia,
serenidade e discernimento.
Sim, empatia é
uma das habilidades essenciais de qualquer líder, e o líder financeiro não é
exceção a essa regra. Empatia é a capacidade de enxergar as coisas
pela ótica do outro, ou, em bom português, sentir a dor do outro. Algo que, na minha opinião, é
fundamental para que o líder financeiro possa calibrar adequadamente suas
estratégias, principalmente em tempos de crise.
Para elaborar estratégias vencedoras, o executivo
financeiro precisa testá-las sob a ótica dos stakeholders que por elas serão
afetados. Sem isso, o sucesso dessas estratégias estará à mercê do acaso.
Sei que parece
óbvio falar que um executivo financeiro precisa ter serenidade. Contudo, se
fossemos listar aqui os casos de insucesso capitaneados por executivos financeiros devido à falta de serenidade, acabaríamos por escrever um livro e não um post. E me refiro a coisas práticas, como por exemplo, exagerar nos cortes
orçamentários ou na venda de ativos (em tempos de crise) ao ponto de
inviabilizar a operação a médio e longo prazos.
Ter serenidade para analisar profunda e rapidamente as oportunidades e as ameaças em tempos de crise, é fator decisivo para o sucesso das estratégias que forem pensadas e implementadas pelo líder financeiro.
Outra
habilidade de extrema importância, não só em tempos de crise, é o bom
discernimento. Habilidade que aliás, já foi objeto de um outro post meu aqui no blog (http://gestaocontemporaneabyjorgefelisberto.blogspot.com.br/2015/01/em-deus-nos-acreditamos-todos-os-outros.html).
Fazer o
correto julgamento dos fatos e dados é crucial para ser assertivo nas decisões,
seja na crise ou na bonança. Por exemplo, não conseguir avaliar corretamente
(discernir) o tempo de duração de uma crise, pode levar à elaboração de
estratégias pouco eficazes.
Enfim, como sugeri
num dos parágrafos acima, nenhuma dessas habilidades (e tantas outras que não citei aqui) irá, isoladamente, fazer
grande diferença no resultado das nossas ações a frente da área financeira ou de qualquer outra área.
Contudo, penso que quando combinadas com habilidades mais elementares e cartesianas, como por exemplo a visão estratégica, elas farão grande diferença e aumentarão em
muito as chances de êxito do líder financeiro, principalmente nesses tempos de crise.